O que é a obesidade infantil?
A obesidade infantil é uma condição de saúde complexa e multifatorial, caracterizada pelo excesso de gordura corporal em crianças e adolescentes com idades compreendidas entre os 2 e os 18 anos. Esta condição é determinada através do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), que tem em consideração a idade e o género da criança.
Para se perceber que existe excesso de peso ou obesidade é necessário avaliar o Índice de Massa Corporal (IMC) que compara o peso com a altura. O IMC é comparado com as referências para crianças com a mesma idade e sexo, através de tabelas apropriadas para a idade e sexo da criança. O Índice de Massa Corporal é obtido dividindo o peso pelo quadrado da estatura: IMC = Peso (kg) / Altura (m)2.
É importante reforçar que a obesidade em crianças não é apenas um problema estético. Trata-se de uma questão de saúde com implicações graves no desenvolvimento físico, emocional e social das crianças.
A obesidade infantil é um problema global. Uma criança com obesidade infantil pode apresentar as consequências negativas mais cedo e prolongar-se já em idade adulta. As crianças têm também maior probabilidade de ter excesso de peso na vida adulta.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 38 milhões de crianças com menos de 5 anos em todo o mundo têm excesso de peso. Em Portugal, os números também são preocupantes. O estudo, parte de uma iniciativa da OMS/Europa a que Portugal aderiu desde 2008, concluiu que, em 2022, 31,9% das crianças portuguesas entre os 6 e os 8 anos de idade tinham excesso de peso, das quais 13,5% apresentavam obesidade, um aumento face à última avaliação feita antes da pandemia, em 2019.
Causas da obesidade infantil
A obesidade é uma doença multifatorial e crónica, que pode ter causas comportamentais, genéticas, ambientais ou ser causada pela interação de todas.
Alimentação desequilibrada
O consumo excessivo de alimentos ricos em açúcares, sal, gorduras saturadas, trans e hidrogenadas e determinados aditivos adicionados aos alimentos e produtos alimentares tem sido apontado como um dos principais fatores para a obesidade infantil.
Estes elementos são especialmente comuns em alimentos de pastelaria, alguns produtos industriais como bolachas, batatas de pacote, bolos, gomas e chocolates, cereais de pequeno almoço, entre outros, que tenham adição de açúcar, sal e/ou gorduras saturadas, fast food e refrigerantes açucarados.
Sedentarismo e falta de exercício físico
O avanço da tecnologia, a proliferação de dispositivos eletrónicos e as rotinas cada vez mais aceleradas levaram a um estilo de vida sedentário para muitas crianças. A falta de atividade física regular contribui para o desequilíbrio entre a ingestão e o gasto de calorias, que por sua vez leva ao aumento de peso.
Ambiente familiar
O ambiente familiar também desempenha um papel fundamental na formação dos hábitos alimentares e na promoção de atividade física das crianças. Os modelos de comportamento em casa, incluindo padrões alimentares e níveis de atividade física, influenciam significativamente o estilo de vida das crianças. As crianças são o reflexo dos adultos que as rodeiam, inspiram-se e imitam os comportamentos das pessoas mais próximas e que lhes servem de referência.
Predisposição genética
Alguns casos de obesidade infantil têm uma componente genética, o que significa que crianças com histórico familiar de obesidade podem ter uma predisposição maior a ganhar peso.
Consequências da obesidade infantil
A obesidade infantil pode ter sérias consequências para a saúde dos mais pequenos, incluindo:
- Problemas cardíacos: A obesidade aumenta o risco de hipertensão e doenças cardíacas.
- Doenças respiratórias: O excesso de peso pode contribuir para o aparecimento de quadros de asma e apneia obstrutiva do sono.
- Diabetes Tipo 2: Esta condição pode levar ao desenvolvimento precoce de diabetes.
- Problemas psicossociais: A obesidade infantil pode resultar em baixa autoestima, isolamento social, depressão, distúrbios alimentares e bullying.
- Síndrome do Ovário Poliquístico (SOP): Esta disfunção endócrina que afeta o género feminino pode ser fomentada pela obesidade infantil.
- Desenvolvimento ósseo e articular: A obesidade pode causar problemas no desenvolvimento dos ossos e das articulações.
- Doenças do fígado: O excesso de peso pode levar ao aparecimento da doença do fígado gordo não-alcoólica que ocorre devido à acumulação de gordura.
- Obesidade mórbida: Quando a obesidade em crianças não é tratada e evolui quando chegam a adultos.
Obesidade infantil: sintomas a observar
Estes são alguns dos sintomas a que deve estar atento.
- Ganho de peso rápido e inesperado.
- Aumento da circunferência abdominal.
- Dificuldade em participar em atividades físicas.
- Respiração ofegante ou dificuldade em respirar.
Tratamento da obesidade infantil
O tratamento da obesidade infantil requer uma abordagem integrada, envolvendo profissionais de saúde, nutricionistas, educadores físicos e psicólogos. Por um lado, o aconselhamento nutricional é fundamental na educação sobre as escolhas alimentares mais saudáveis e na gestão de porções.
Por outro lado, o apoio psicológico é crucial para ajudar a entender o tratamento, mudar a mentalidade da criança, assegurar a gestão emocional e desenvolver hábitos saudáveis. Já o acompanhamento de um educador físico vai promover a prática de desporto e a ajustar esta prática às capacidades da criança e às suas preferências.
Como prevenir a obesidade Infantil
A alimentação equilibrada e a prática regular de atividade física são essenciais para prevenir a obesidade infantil. O consumo de frutas, legumes e alimentos integrais, a par de atividade física regular e da participação em brincadeiras ao ar livre vão promover o bem-estar geral da criança. Para além disso, os pais devem dar o exemplo através da adoção de hábitos saudáveis.
Evite usar a comida como prémio ou castigo. Mantenha horários de refeição regulares, crie uma ementa semanal organizada, e elimine as bebidas açucaradas, snacks e doces do menu normal.
A obesidade infantil é um problema sério e uma doença que afeta milhões de crianças em todo o mundo, mas com intervenção e prevenção adequadas, é possível criar um futuro mais saudável. Deixamos ideias de alguns lanches saudáveis para toda a família.